Livro das derrapadas no marketing
Estão violando e censurando a nossa correspondência no Brasil, sabia? Não, agora a culpa não é do correio, pois não mandamos mais cartas, só emails… Talvez você não tenha se tocado, mas a maioria dos provedores, a pretexto de combater o que chamam de “spam”, censura todos os emails.
Nerds travestidos em censores inventaram programinhas para bloquear emails, que assim nem chegam a você. Se o email tiver a palavra “newsletter”, ou “você”, ou um ponto de exclamação, na linha do assunto, é pichado de spam e jogado no inferno. Se tiver uma opção para remover o seu nome da lista, é também considerado spam, e rifado. Na melhor das hipóteses, se a mensagem conseguir passar pelo primeiro filtro inquisitório, mas ainda parecer suspeita, poderá até ser entregue, porém precedida da infame palavra “Spam”. Como a estrela de David que obrigavam os judeus a vestir para identificá-los, no começo…
Se você quiser usar o email profissionalmente, divulgar o seu trabalho para listas de amigos ou possíveis clientes, está perdido. Na primeira tentativa arrisca ser pichado de “spammer” e simplesmente cancelarem o seu endereço de email. Se tiver site ou blog, eles o tiram do ar, sem mais. O email marketing, para esses provedores, não existe. É tudo spam… Só eles mesmos podem mandar emails de propaganda. Que ninguém mais ouse, senão queima na fogueira da inquisição. E se você fizer parte de grupos de discussão e mandar mensagens para os participantes? É spammer também, pau em você!
Em nome do que empresas privadas se julgam no direito de censurar a sua correspondência, decidir o que é bom ou não para você? Fique tranqüilo, é para a proteção à sua privacidade, dizem elas. Elas não querem que você seja invadido na santa paz do seu computador, por mensagens de propaganda. Entendeu? Para proteger a sua privacidade, elas primeiro a invadem, violando a sua correspondência! Na verdade querem apenas reduzir o tráfego e, com isso, os custos… O blablablá de spam é puro pretexto. Pior é a mentalidade inquisitória que propagam. Os internautas são estimulados a denunciar spammers em endereços tipo abuse@algo, como fazia a Gestapo ao cooptar cidadãos para colaborar com a repressão nazista. E um monte de bobocões frustrados fica brincando de polícia, ameaçando empresas e pessoas, fazendo denúncias quando recebem algo que consideram propaganda não solicitada.
Cuidado. Se fosse preciso pedir autorização do consumidor para fazer propaganda, em qualquer mídia, nem os jornais nem a TV teriam anúncios e portanto não existiriam. O email é um meio de comunicação como qualquer outro, com a diferença que, utilizado seriamente, permite atingir um público totalmente direcionado, na mais eficaz forma de marketing jamais sonhada. Não há por que considerar que ele não seja uma mídia lícita. Quem não quiser ler um email, que o delete ou crie seus filtros, da mesma forma que desvia os olhos quando um anúncio de jornal não interessa ou quando zapeia na TV. Se o email marketing continuar criminalizado, amanhã criminalizarão também os jornais, porque alguma matéria não agradou ao poder. Sim, pois já não proibiram o celular em alguns lugares porque os bandidos usam? Já não pretendem proibir os outdoors em São Paulo porque alguns são ilegais? O fascismo começa assim, desta combinação explosiva entre a mobilização “higienizadora” de uma classe média raivosa, transformada em indicadora, e governos que não prezam a liberdade. Só falta um líder carismático, de bigodinho… ou quem sabe até já tenhamos uma versão mais cabocla, de barba…